Os "Macacos Hippies" da Mata Atlântica


Fig.: Muriqui-do-Norte (Brachyteles hypoxanthus) e Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides). Desenhos: Steve D. Nash

   O Muriqui-do-Norte, uma das duas espécies de Muriquis, é um animal endêmico do Brasil, só encontrado na Mata Atlântica, vivendo em áreas de matas preservadas ou pouco degradadas desse bioma (nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Sul da Bahia).
   Podendo chegar a medir em adultos até 1,5 m de altura e atingir 15 kg, têm comportamentos poucos agressivos e raramente brigam entre si. É comum, observar vários animais em um mesmo galho, suspensos pelas caudas em demorados abraços grupais, ou tomando água lado a lado próximos ao chão.
   Devido a esses "comportamentos pacíficos", é comumente chamado de "Macaco Hippie". Até na reprodução, que em outras espécies de primatas ocorrem conflitos entre machos, o Muriqui-do-Norte tem o comportamento de harmonia, onde a fêmea simplesmente escolhe o parceiro com quem deseja copular e os demais pretendentes aceitam sem briga.
   É essencialmente arborícola, movimentado-se muito sobre as árvores. Passa quase que exclusivamente a vida toda sobre elas, e nelas nasce, cresce, vive, alimenta-se e reproduz-se.
   Em relação à conservação do Muriqui-do-Norte, a espécie está classificada como "criticamente em perigo" (segundo a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN - versão 2009.1), sendo um dos primatas mais ameaçados do Mundo. Isso se deve a fragmentação dos seus habitats, com desmatamentos para pastagens e plantações, e com retirada de madeira para uso como lenha e uso na indústria madeireira, ficando a espécie isolada em pequenos fragmentos de mata. Normalmente nessas áreas podem acontecer cruzamentos consangüíneos parentais, com o aparecimento de doenças genéticas em muitos indivíduos.
   Para melhorar a situação da espécie, medidas de conservação precisam ser tomadas. Nas áreas de ocorrência, RPPNs e APAs precisam ser criadas, reflorestamentos e corredores ecológicos precisam ser feitos, e desmatamentos, queimadas e outras degradações ambientais precisam ser evitadas.